Guerra Colonial Carolina Vieira

A 5 de outubro de 1971, Delfim Silva, na altura com 21 anos, foi para a Guerra Colonial, em Moçambique. Navegou num paquete com o nome de Niassa, sendo que este se incendiou, pelo caminho, causando pânico no seu interior. O incêndio foi causado a partir de um problema no motor. No entanto, o paquete foi capaz de chegar à Guiné, inteiro, para fazer reparações aos danos causados pelo fogo.
Esta paragem por Guiné estendeu-se por 8 dias, para organizar tudo para a guerra e os bens em falta no barco. Assim que o Niassa ficou arranjado e com tudo pronto para a guerra, voltaram seguir viagem em direção a Moçambique. Quando chegaram ao seu destino, o ambiente era pesado, desorganizado, com falta de condições e até mesmo mórbido.
Durante a guerra, Delfim Silva sofreu bastante, tanto pela falta de comida, que os obrigava a comer insetos como gafanhotos, tanto pela perda de soldados amigos do seu pelotão, que teriam sido atingidos e abatidos na guerra contra os moçambicanos. Delfim andava por matos com armas na mão, durante a guerra, à procura de moçambicanos.
Esta experiência traumatizante, acabou para Delfim a 12 de fevereiro de 1974, quando o seu pelotão de soldados foi rendido por outro. Delfim voltou assim para casa, com 23 anos, e voltou a ver a sua família e a sua namorada, minha tia, com quem acabou por casar e ter dois filhos. Obviamente que com uma experiência assim na Guerra Colonial, Delfim ficou com traumas. Estes tornaram no mais violento, mais pegado ao álcool e com pesadelos sobre o que passou por lá.
Atualmente, Delfim Silva tem 69 anos, é padrinho de batismo da minha mãe e separou-se da mulher, no entanto, está a conseguir viver uma vida relaxada e tranquila com a sua família.