A África do meu avô Rita Pinheiro

Tudo começou quando, no banco em que o meu avô trabalhava, o promoveram para chefiar uma secção das finanças da capital de Moçambique- na altura João Belo- em 1957. Nesse mesmo ano, viajou sozinho e, durante três ou quatro anos conheceu um senhor ( o senhor João) com quem passou a ter uma relação mais próxima. Nesse tempo, passaram os dois as suas aventuras em África e, quando regressaram, como forma de manterem um contacto mais frequente; quando a minha mãe nasceu, o meu avô convidou o senhor João para ser o seu padrinho de batismo- e ele assim o fez. Todos fomos conhecendo o João e todos desenvolvemos um carinho especial por ele, como se fizesse parte da família. Quando vou a casa dos meus avós vejo muita mobília, roupa, vasos, loiças, e objetos decorativos. A minha parte preferida é ouvir a história do motivo de cada um deles e, quando o meu avô se vai lembrando das coisas, lá o faz; e eu ouço-o sempre como se fosse a primeira vez que descubro aquelas histórias. Devido ao problema de memória do meu avô, nem sempre ouço histórias de África nem daquilo que ele por lá fazia, mas quando o faço, tanto eu como ele ficamos muito felizes e ele, também nostálgico.
Nestas férias da Páscoa, viajei até África (apesar de não ter sido para Moçambique) mas percebi que quando as pessoas dizem que a realidade lá é diferente, não estão a ser exageradas nem a falar sem saber, só quem lá vai é que percebe a diferença cultural, os cheiros da comida, os mercados tão confusos cheios de gente, as ruas nas quais a condução é tão atribulada... enfim, África devia ser mais visitada e mais conhecida, pois lá, só coisas incríveis acontecem.