Primeiras Memórias

Quando o meu pai tinha 27 anos veio para Portugal. Veio de Cabo Verde sem ter a certeza se ficaria cá ou se voltaria para o seu país de origem. Acabou por ficar em casa da sua irmã, e por fim, criou uma família em Portugal.
Assim, desde nova que tenho contacto com uma parte da cultura africana.

Mesmo estando consciente de que o racismo existe e é um problema atual, nunca fui vítima de tal.

No entanto, fico cada vez mais consciente da distância que separa as populações africanas dos portugueses, quer nas escolas mais priveligiadas quer nos cargos de emprego mais elevados e ate nas zonas que essas populações vivem.

Nasci num bairro onde a população africana esta muito presente e na minha escola primária havia uma grande diversidade de culturas africanas. No entanto, quando mudei de escola deixou de haver a presença destas culturas. Inicialmente não reparei, mad com o passar do tempo foi ficando cada vez mais difícil ignorar a falta de outras culturas.

Quando vou visitar a minha tia (irmã do meu pai) é, geralmente, por causa de algum motivo festivo. Nessas alturas, o bairro fica cheio de pessoas cabo verdianas ou com alguma ligação ao país, cheio de música e comida típica do país. Essas festas podem chegar a ter 2 dias com pessoas sempre a entrar dentro e fora duma pequena praça -porque vai tanta gente que nem todos caberiam dentro de uma só casa-e todos contribuem de alguma forma: alguns vão comprar o que é preciso, outros ficam a tratar de cozinhar toda a comida (porque são eles que cozinham tudo, seja para 10 ou 1000 pessoas) e até as crianças ajudam a fazer pequenos recados.

Esta é uma das primeiras memórias que tenho do contacto com cultura africana.