Testemunhos Africanos
Apesar de nunca ter estado no continente africano, e de apenas o ter visto através do cinema, da fotografia e da televisão, África acaba por me ser próxima em razão dos múltiplos testemunhos e relatos que desde cedo fui ouvindo a familiares e amigos que ali nasceram, viveram e trabalharam parte da sua vida.
Na verdade, tanto pelo ramo materno como pelo paterno são várias as ligações afetivas que facilmente me transportam àquele imaginário. A minha mãe nasceu em Moçambique, onde os meus avós eram professores do liceu e aí cresceu, embora não por muitos anos, juntamente com os seus irmãos, ainda hoje recordando sensações de liberdade e de proximidade à Natureza e aos animais, com a casa em que ali viviam a permitir-lhes inclusive terem um porco - o “Balão” -, como animal doméstico. Já o meu avô paterno viveu largos anos em Angola, entre Luanda, Lobito e Benguela, ali tendo nascido e crescido duas das minhas tias. Deles ouvi e ainda ouço o relato de uma noção de horizonte e de um pôr-do-sol que não se encontra em qualquer outro hemisfério e em todas essas conversas noto uma sincera saudade.
Como se não fosse suficiente, os meus bisavós paternos adotaram na década de sessenta um menino que tinha perdido a sua família durante a guerra, alguém cuja presença física e afetiva me recorda permanentemente essa ligação.
Mais recentemente, vários amigos dos meus pais trabalharam ou desenvolveram ações de voluntariado - curiosamente já o meu bisavô, médico em Lisboa, havia prestado serviço profissional em Marrocos aquando do terrível terramoto de Agadir - durante alguns anos no continente africano tanto nos países africanos de língua oficial portuguesa como noutros Estados da África Central, e de todos eles ouvi testemunhos de várias dificuldades mas também mensagens de esperança e qualidade de vida, de um tempo “que passa mais devagar”.
Neste quadro de memórias mais ou menos próximas, fica a vontade de num dia não muito longínquo poder visitar África de algum modo mantendo alguns dos já mencionados laços familiares, assim podendo comprovar o que neste momento apenas conheço por experiência alheia: os países de lingua oficial portuguesa - “a minha pátria é a língua portuguesa”, dizia Fernando Pessoa -, o para mim célebre pôr-do-sol de Angola, o chocolate e as praias de São Tomé, a gastronomia e cultura de Cabo Verde, os grandes desertos, a Ceuta que deu início à epopeia dos Descobrimentos, o sul de África onde Portugal marcou a vitória sobre o medo representado pelo Adamastor.
Na verdade, tanto pelo ramo materno como pelo paterno são várias as ligações afetivas que facilmente me transportam àquele imaginário. A minha mãe nasceu em Moçambique, onde os meus avós eram professores do liceu e aí cresceu, embora não por muitos anos, juntamente com os seus irmãos, ainda hoje recordando sensações de liberdade e de proximidade à Natureza e aos animais, com a casa em que ali viviam a permitir-lhes inclusive terem um porco - o “Balão” -, como animal doméstico. Já o meu avô paterno viveu largos anos em Angola, entre Luanda, Lobito e Benguela, ali tendo nascido e crescido duas das minhas tias. Deles ouvi e ainda ouço o relato de uma noção de horizonte e de um pôr-do-sol que não se encontra em qualquer outro hemisfério e em todas essas conversas noto uma sincera saudade.
Como se não fosse suficiente, os meus bisavós paternos adotaram na década de sessenta um menino que tinha perdido a sua família durante a guerra, alguém cuja presença física e afetiva me recorda permanentemente essa ligação.
Mais recentemente, vários amigos dos meus pais trabalharam ou desenvolveram ações de voluntariado - curiosamente já o meu bisavô, médico em Lisboa, havia prestado serviço profissional em Marrocos aquando do terrível terramoto de Agadir - durante alguns anos no continente africano tanto nos países africanos de língua oficial portuguesa como noutros Estados da África Central, e de todos eles ouvi testemunhos de várias dificuldades mas também mensagens de esperança e qualidade de vida, de um tempo “que passa mais devagar”.
Neste quadro de memórias mais ou menos próximas, fica a vontade de num dia não muito longínquo poder visitar África de algum modo mantendo alguns dos já mencionados laços familiares, assim podendo comprovar o que neste momento apenas conheço por experiência alheia: os países de lingua oficial portuguesa - “a minha pátria é a língua portuguesa”, dizia Fernando Pessoa -, o para mim célebre pôr-do-sol de Angola, o chocolate e as praias de São Tomé, a gastronomia e cultura de Cabo Verde, os grandes desertos, a Ceuta que deu início à epopeia dos Descobrimentos, o sul de África onde Portugal marcou a vitória sobre o medo representado pelo Adamastor.