África minha

Não tendo relação direta com África, tenho-a, de alguma maneira, desde cedo, bem vincada no meu coração e pensamento.E porquê? porque as intensas memórias que os meus pais me têm transmitido, da sua experiência de vida em Maputo, efémera mas rica de vivências, é sentida como minha e desperta-me uma imensa vontade de a viver na primeira pessoa. E tudo começou quando em 1999, devido a questões de trabalho, os meus pais partiram numa aventura para a cidade de Maputo em Moçambique.
Desses anos que eles revivem constantemente, os meus pais transmitiram-me a sensação de liberdade, descontração e serenidade que só as amplas paisagens africanas permitem e também muito do calor do convívio entre amigos à volta das exóticas comidas africanas, que o clima intensificava. Entendo, pelo reconto do tempo que os meus pais viveram em África, que a sua vida não teria tido emoções tão intensas nem amizades tão ricas e duradouras noutro lugar. Dizem-me eles também que o afastamento de casa, as dificuldades deste novo continente na realização dos seus projetos só foi colmatada pela força das amizades, pela amabilidade da população em geral e pela intensidade de sensações que os rodeava (cheiros, sons, comidas, música…). Quando penso em África vêm-me ao pensamento os sons da selva, o verde profundo das árvores, o intenso aroma das comidas exóticas e picantes, o colorido das frutas tropicais, o som ritmado dos cânticos e vozes africanas... A partilha de memórias fotográficas dessa vida moçambicana faz me transportar para esse tipo de vida que também anseio experimentar ou pelo menos reviver na companhia dos meus pais que seriam, sem dúvida, os melhores guias desta filha curiosa.
Por tudo isto e porque por enquanto as minhas memórias são “roubadas”, espero que em algum futuro próximo esta possa ser a “África minha”.