Silêncio e sangue Joana Ribeiro Duarte
Meu sangue é negro. Desde dos 8 anos sei. Minha bisavó era negra e foi alforriada. Sua mãe negra, escravizada. A história para aí. A lacuna dói. Minha genealogia foi roubada de mim. O silêncio grita. E a questão ainda permanece: da onde vim?
A primeira data histórica que gravei foi 13 de maio de 1888. Abolição da escravatura. Perguntei pra professora: Pra onde foram os libertos? Ela engoliu em seco e não conseguiu responder. Neste mesmo dia descobri que meu sangue é negro. Minha pele branca mascara, mas meu cabelo revela a ancestralidade das mulheres que vierem antes de mim. Ah, como queria saber suas histórias. Como manter viva a memória daqueles que foram apagados da História? Apagados da minha e de todo um país.
Minha trajetória me trouxe a Portugal. Vim resgatar um pedaço que remonta daqui. Parte essa marcada pelo meu nome e sobrenome. Mais português impossível. Contudo, outro pedaço ainda falta. Este dói mais. Uma dor latente e perene que aperta quando em casa não me sinto.
A primeira data histórica que gravei foi 13 de maio de 1888. Abolição da escravatura. Perguntei pra professora: Pra onde foram os libertos? Ela engoliu em seco e não conseguiu responder. Neste mesmo dia descobri que meu sangue é negro. Minha pele branca mascara, mas meu cabelo revela a ancestralidade das mulheres que vierem antes de mim. Ah, como queria saber suas histórias. Como manter viva a memória daqueles que foram apagados da História? Apagados da minha e de todo um país.
Minha trajetória me trouxe a Portugal. Vim resgatar um pedaço que remonta daqui. Parte essa marcada pelo meu nome e sobrenome. Mais português impossível. Contudo, outro pedaço ainda falta. Este dói mais. Uma dor latente e perene que aperta quando em casa não me sinto.