Kanimambo AE

Em outubro de 2010 parti para uma nova aventura, um novo desafio, um novo país com apenas 10 anos. Não foi fácil, na altura não aceitei bem a ideia de deixar para trás toda a minha infância, os meus amigos e aquele que considerava ser o meu pais. Era uma nova etapa que ia começar da minha vida. Era em Moçambique que estava a maior parte da minha família, só faltava eu e a minha mãe, e foi essa a razão que nos levou a abrir um novo capítulo. Lembro me como se fosse ontem quando aterrei no aeroporto de Maputo e o quanto me custou todo este processo de mudança. Mas hoje, olho para trás e agradeço imenso por ter tido a oportunidade de viver uma realidade diferente que é Moçambique. Hoje estou grata por ter tido a possibilidade de viver outra cultura, de ter vivenciado a dificuldade que o povo moçambicano passa mas que não é isso que os impede de ser um povo alegre, sempre pronto a ajudar (com o máximo que consegue) com um sorriso e um “Bom dia Mãe” (sim, eles têm uma aproximação com as pessoas em que para eles tudo é família). Foi esta união, esta alegria, as danças tradicionais que aprendi (como a marrabenta), as comidas tradicionais que tive oportunidade de experimentar (como a matapa, mandioca, chima), as pessoas maravilhosas que me aceitaram e me integraram, a humildade deste povo, as diversas palavras que aprendi…tudo isso leva me a dizer: Kanimambo (Obrigada) Moçambique. Não nasci em Moçambique, mas sinto-me moçambicana. Hoje só me resta a saudade, a saudade de todas as tradições que me acompanharam durante 8 anos e que hoje significam muito para mim. No entanto, os papeis inverteram-se, se há 7 anos me custou ir para Moçambique, em 2017 custou-me regressar a Portugal. KANIMAMBO.