Almoço com Eritreia Julia Wagner Gomes
Eu estava morando em uma pequena vila na Suiça, de nome Interlaken, quando soube que não tão longe da minha casa havia uma residencia destinada a refugiados africanos da Eritréia. Com imenso interesse em entender um pouco mais da vida daquelas pessoas, separei uma tarde para visitar a casa.
Chegando no local fui recebida por um jovem suíço que havia escolhido como serviço ao exercito, gerenciar a residencia e lecionar os africanos o alemão e a cultura suíça, afim de integrá-los posteriormente, na sociedade.
Ele ficou um pouco assustado mas contente com a visita repentina e me levou para conhecer a casa e algumas das famílias que ali habitavam.
A residencia era mesmo grande, a cozinha equipada, a sala com um largo sofá e cadeiras, famílias grandes se juntavam no mesmo quarto, pessoas sozinhas dividam um mesmo alojamento afim de dar mais espaço para as crianças pequenas, senhores e mulheres. Todos trabalhavam igualmente nas tarefas do lar, da horta e da pequena fazenda aos fundos do casarão.
Devido a dificuldade de comunicação, uma vez que, nenhum deles dominava o inglês, usamos do google tradutor e outros aplicativos para nos conhecermos. E mesmo sem jeito, tivemos imensa integração. A felicidade era clara por eles terem recebido uma visita tão interessada na vida de um povo, muitas vezes tão esquecido e rejeitado.
Depois de pouco tempo de conversa, me chamaram para o almoço. Confesso que fiquei sem reação. Aqueles que já tem tão pouco, ou mesmo nada, que deixaram roupa, documento, dinheiro, carreira profissional para trás atrás de melhores condições de vida, conseguem receber tão bem alguém que mal conhecem e são capazes, para além, de dividir a própria comida. Aceitei, não tinha outra opção.
A comida em si não me apetecia muito, camarões com batata em um molho ardidamente picante e pão velho e fofo. A garganta doía e a cara se redobrava fazendo todos rirem da minha rejeição ao piri-piri.
Conversamos um pouco mais, graças a maravilhosa tecnologia, e eu voltei para casa. Feliz, realizada e triste, muito triste.
O homem, que pode ser tão maravilhoso, é mesmo um ser horripilantemente malvado.
Para mim, restou a lição, que os camarões picantes unam mais do que qualquer guerra seja capaz de separar.
Chegando no local fui recebida por um jovem suíço que havia escolhido como serviço ao exercito, gerenciar a residencia e lecionar os africanos o alemão e a cultura suíça, afim de integrá-los posteriormente, na sociedade.
Ele ficou um pouco assustado mas contente com a visita repentina e me levou para conhecer a casa e algumas das famílias que ali habitavam.
A residencia era mesmo grande, a cozinha equipada, a sala com um largo sofá e cadeiras, famílias grandes se juntavam no mesmo quarto, pessoas sozinhas dividam um mesmo alojamento afim de dar mais espaço para as crianças pequenas, senhores e mulheres. Todos trabalhavam igualmente nas tarefas do lar, da horta e da pequena fazenda aos fundos do casarão.
Devido a dificuldade de comunicação, uma vez que, nenhum deles dominava o inglês, usamos do google tradutor e outros aplicativos para nos conhecermos. E mesmo sem jeito, tivemos imensa integração. A felicidade era clara por eles terem recebido uma visita tão interessada na vida de um povo, muitas vezes tão esquecido e rejeitado.
Depois de pouco tempo de conversa, me chamaram para o almoço. Confesso que fiquei sem reação. Aqueles que já tem tão pouco, ou mesmo nada, que deixaram roupa, documento, dinheiro, carreira profissional para trás atrás de melhores condições de vida, conseguem receber tão bem alguém que mal conhecem e são capazes, para além, de dividir a própria comida. Aceitei, não tinha outra opção.
A comida em si não me apetecia muito, camarões com batata em um molho ardidamente picante e pão velho e fofo. A garganta doía e a cara se redobrava fazendo todos rirem da minha rejeição ao piri-piri.
Conversamos um pouco mais, graças a maravilhosa tecnologia, e eu voltei para casa. Feliz, realizada e triste, muito triste.
O homem, que pode ser tão maravilhoso, é mesmo um ser horripilantemente malvado.
Para mim, restou a lição, que os camarões picantes unam mais do que qualquer guerra seja capaz de separar.